domingo, 21 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Recursos Naturais no Brasil





O relatório “Gestão dos Recursos Naturais” é um material fornecido pelo Ministério do Meio Ambiente (MMA) para que o Governo elabore a Agenda 21 brasileira. A agenda 21 é um documento que estabelece a importância de cada país a se comprometer a refletir, global e localmente, sobre a forma pela qual governos, empresas e todos os setores da sociedade poderiam cooperar no estudo de soluções para os problemas sócio-ambientais.
No processo de gestão ambiental, temos alguns fatores influentes: economia, sociedade e política. A ação do homem é o primeiro passo na geração de efeito cascata sobre o uso de recursos naturais. Água, solo, ar, vegetação e fauna interagem entre si, sendo que uma alteração sobre qualquer um desses fatores repercute imediatamente sobre todos os outros.
O solo, por exemplo, vem sofrendo uma crescente pressão, decorrente dos diferentes tipo de uso. Trata-se de um recurso natural finito e não renovével, por isso é vital concentrar esforços na gestão deste recurso. Os causadores dos problemas do solo são os dejetos humanos, urbanos, industriais e agrícolas; os desmatamentos indiscriminados; o manejo inadequado do solo e da água; deficiências de sistemas de drenagem; queimadas; extrativismo desmesurado (caça, pesca, madeira e outras plantas), entre outros.
Este tipo de ações, podem causar consequências como a interceptação de precipitações, retenções e inflitração, escoamento superficial e subsuperficial, evaporação e transpiração. Os graus de perturbação dessa cobertura vegetal natural e o manejo de cultivo introduzem características que levam os meios técnico-científicos se preocupam com três grandes problemas: poluição das águas continentais, erosão dos solos, perda da fertilidade, salinização e desertificação, e perdas irreversíveis da diversidade biológica.
Quando usado racionalmente, com a recuperação e conservação dos mananciais de água e a conservação da biodiversidade o solo atinge um novo estado de equilíbrio, que pode ser estável e produtivo; do contrário, resultaem instabilidade e degradação, com perda parcial ou total de sua capacidade produtiva.
O Brasil é frequentemente citado como celeiro do mundo por sua vocação agrícola. No entanto existem algumas condicionantes. Com relação a natureza do solo como oferta, pode se observar que mais de um terço (35,3%) do território nacional é totalmente desaconselhável para qualquer tipo de atividade agrícola. Se somarmos a esse número os territórios que sofrem algum tipo de restrição mais séria, nos resta apenas 4,2% de solos de boas características, que representa 35 milhões de hectares (ou 35 milhões de campos de futebol, aproximadamente). Outra condicionante é referente ao modo irregular de como se distribuem em todo território nacional (IBGE 1993).
Para haver o manejo correto do solo, é preciso desenvolver e adotar tecnologias adequadas, demandar capital para a construção da fertilidade e para aqueles que detêm/usam terras agricultáveis, ter disponível grande habilidade de gestão empresarial.
O modelo agrícola ainda predominante no país tem fortes conexões com o modelo conhecido como “Revolução Verde”, fortemente embasado no uso de energia fóssil, agroquímicos e mecanização intensiva. Por consequência, as perdas causadas por processos de erosão são estimadas em quase 6 bilhões de dólares. Além disso, extensas áreas de nossas paisagens estão em processo de desertificação, com destaque para o Ceará com 52% de seu território e a Paraíba com 63%. Os impactos ambientais gerados pelas formas inadequadas do uso do solo afetam sua capacidade produtiva e os demais recursos naturais, principalmente os recursos hídricos.
No entanto, algumas iniciativas já ocorrem, como a correção de solos e exploração sustentável; trabalhos técnicos e científicos; além de planos e programas como o Programa Nacional de Conservação de Solos, o PROSSOLOS, de 1987. É notável a evolução positiva, como resultado da maior conscientização e da melhoria da legislação e do controle ambiental.
Outro importante recurso é a água, elemento essencial para a vida na Terra. Deve ser preservada, pois de toda a água do planeta, apenas 0,3% é água doce. É importante pois é responsável pelo abastecimento das populações, irrigação, produção de energia, navegação e mesmo a veiculação e o afastamento de esgotos.
Atualmente, a água é considerada um “bem coletivo”. A Constituição de 1988 estabelece que todas as águas são públicas, deixando de existir águas particulares, cuja existência era prevista no Código de Águas de 1934. Para se entender a gestão deste recurso, é preciso saber que a instituição de regras de distribuição, segundo Boland (1992), pode ter os seguintes objetivos: a)eficiência econômica; b)conservação amiental; c)geração de benefícios; d)redistribuição de renda; e)financiamento de gestão.A administração dos recursos hídricos deve agir conforme duas categorias básicas de instrumentos: os de natureza econômica (aumento de preços e de cobranças no uso da água ou pela emissão de poluentes) e os de natureza regulamentatória (que impõe padrões de captação,de emissão de rejeito, processos, produtos ou de condições ambientais, a partir de dispositivos legais e administrativos específicos).
No Brasil, temos oito grandes bacias hidrográficas: a do rio Amazonas, a do Tocantis, a do Atlântico Sul, trechos Norte e Nordeste, a do São Francisco, as do Atlântico Sul, trecho Leste, a do rio Paraná, a do rio Paraguai e as do Atlântico Sul, trecho Sudeste. Nossa produção hídrica (escoamento anual médio dos rios que desaguam no oceano) é de 168.790 metros cúbicos/segundo. Apesar da grande vazão dos nossos rios, a utilização de água subterrânea corresponde a 61% do total utilizado no país.
Os conflitos de interesse com relação ao uso da água, representados pelo setor hidrelétrico, pelos complexos industriais, pelas necessidades de abastecimento urbano, irrigação e adensamento urbano industrial; mostram que a adoção de uma política interinstitucional de gestão de recursos hídricos se mostra necessária. Há ainda diversos problemas trazidos pela má gestão dos recursos hídricos, como as secas e as inundações; além de 11 milhões de pessoas sem acesso a água encanada e 84% do esgoto não tratado, segundo dados do PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio), de 1996.
Um fator determinante para a questão das águas brasileiras é o fator irrigação. Estima-se que 70% do total de águas brasileiras são utilizadas na irrigação. Outra forma de má utilização de recursos são os rios navegáveis que são pouco utilizados. Dados do Ministério dos Transportes referentes a 1996 mostram que apenas 1,5% do total de carga transportada é realizada fluvialmente.
O problema da utilização consciente da água está longe de ser resolvido no Brasil. No entanto, essa situação altera-se rapidamente, principalmente pela internacionalização das exigências ambientais; por programas de redução de custos e melhoria operacional; e pelo aumento do custo da própria água e da sua utilização e tratamento.
Quanto a biodiversidade, o Brasil é um dos países detentores de megadiversidade, abrigando cerca de 10 a 20% das espécies conhecidas pela ciência; 30% das florestas tropicais úmidas mundiais; mais de 6 mil espécies de vertebrados, sendo que algumas espécies são endêmicas; e 20% do total de espécies de plantas (dados do Ministério do Meio Ambiente, encontrados no Relatório nacional sobre biodiversidade, 1998).
A conservação das espécies e dos ecossistemas é um grande desafio a ser enfrentado pelo governo. A ocupação antrópica é o principal fator de degradação, causando, por exemplo, a redução da área ocupada pela Mata Atlântica para apenas 10% da área original.
Um dos mecanismos para a conservação da biodiversidade é o SNUC (Sistema Nacional de Unidade de Conservação), que apresenta diversos tipos de unidades de conservação, segundo diferentes categorias de manejo. Existem unidades de conservação (UC) de uso indireto (são aquelas em que não existem exploração ou aproveitamento de recursos naturais, como parques nacionais, reservas biológicas e estações ecológicas) e as de uso direto (em que a exploração e o aproveitamento são permitidos, de forma planejada e regulamentada; como áreas de proteção ambiental, florestas nacionais e reservas extrativistas). Essas unidades de conservação correspondem a pouco mais de 4% do território nacional.
Existem ainda as Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), que surgiram como alternativas para a criação de áreas de conservação. Os proprietários dessas terras são obrigados por lei a proteger o patrimônio biológico dessas áreas. Apesar dos esforços realizados, o governo ainda não atingiu a sua meta de 10% de área protegida. Além disso, existem poucas pessoas trabalhando nas áreas conservadas, sendo a média 30 mil hectares por funcionário. Nesse sentido, o IBAMA vem trabalhando com boas idéias, como os convênios de co-gestão com ONGs, que já administram alguns parques nacionais.
Há ainda outra questão muito importante: a questão indígena. As áreas ocupadas e/ou reivindicadas pelos indígenas correspondem a cerca de 10% do território nacional (FUNAI), essas áreas não são consideradas unidades de conservação, apesar de contribuírem para a conservação da biodiversidade. Deve haver negociação entre os organismos do governo responsáveis pelas UCs e áreas indígenas, de modo que sejam garantidos os direitos dos índios como os objetivos maiores de conservação.
A ação antrópica é cada vez mais influente na perda de habitats naturais e no desaparecimento de espécies e formas genéticas. No Brasil, a lista de extinção conta com 228 espécies (Portarias/IBAMA). Os principais motivos de extinção dos animais é a sua utilização como alimento pelos humanos; a exploração madeireira que afeta a disponibilidade de habitats; a procura por seus óleos, gorduras; produtos medicinais e sua pele.
A legislação brasileira protege a fauna da caça profissional e do comércio de espécies, mas faculta a prática da caça amadora. No entanto, estimula a construção de criadouros para o comércio, para fins científicos e para fins conservacionais.
Já a flora, conta com 41 espécies em extinção (Portarias/IBAMA). As principais causas são a ausência de políticas públicas abrangentes para a conservação, a falta de treinamento de pessoal especializado, falta de infra-estrutura e falta de punição aos infratores.
Para o uso sustentável deste recurso, é necessário conhecer a história de vida dos organismos, conhecimento do estoque e conhecimento de sua distribuição pelo território; além da determinação da taxa de desfrute e por último, a fiscalização do mercado, no intuito de verificar se a taxa de desfrute está sendo respeitada.
As florestas são outro tipo de recursos utilizados pelo homem, oferecendo alimento, abrigo e energia. Sua produção é parte do PIB brasileiro e funciona como barreira natural contra a desertificação, erosão genética, a perda de recursoso biológicos e GEE (gases de efeito estufa, principalmente o gás carbônico).
Entre os principais problemas relacionados com o desmatamento, estão a má distribuição de renda, as antigas políticas de incentivos fiscais para a transformação de florestas em solos para a agropecuária, a compactação e a erosão do solo, a privatização das florestas, o alto valor da madeira nas áreas de fronteira e as autorizações do IBAMA, que permite queimadas, sendo responsável por quase 72% do total (Viana, 1992).
Caso se queira preservar os ecossistemas, a expansão agrícola deve ser reordenada no que se refere às características do solo. Os solos amazônicos não possuem aptidão agropecuária, e existem no Brasil, áreas imensas em outras regiões em condições de atender esse fim.
Deve se pensar nos inúmeros organismos vivos, que interagem com o ambiente natural, e que precisam ser considerados antes de qualquer intervenção (Higuchi, 1994). Se somado a isso ainda houver a adoção de técnicas de manejo sustentável, programas de pesquisa e políticas para a recomposição das espécies nos ecossistemas e uma política de fiscalização e monitoramento; obter-se-ia um programa completo para o manejo correto das florestas.
Outro recurso de suma importância são os oceanos. Segundo dados da Unesco (Organização das Nações Unidas para a educação, ciência e cultura), representam mais de 70% da superfície terrestre e contam com cerca de 80% da biodiversidade mundial. Tem como principais funções para os seres humanos o fornecimento de alimentos, elevado potencial bioquímico e farmacológico; e o transporte de 80% da carga de todo o comércio internacional. Além disso, desempenha funções de geração de oxigênio, sequestro de carbono e regulação climática.
Os oceanos também são importantes como depósitos minerais e fonte de petróleo. No Brasil é produzido 57% do petróleo que se consume internamente, no entanto a superexploração pode fazer com que esse recurso se esgote, sendo necessária a adoção de um melhor planejamento e gerenciamento para sua explotação a longo prazo. Outros problemas podem ser verificados na má utilização dos oceanos, como o turismo sem planejamento, a expansão portuária, desmatamento das planícies de inundação, garimpo, poluição, construção de barragens e aterros, além da canalização de rios.
A pesca também é um problema atualmente. Ela vem sendo realizada de modo depredatório, e muitas vezes por pessoas despreparadas. Deve ser respeitada a época reprodutiva das espécies de peixes e o conhecimento empírico dos pescadores mais experientes deve ser considerado patrimônio da sociedade. A produção nacional atual é de 700mil toneladas, sendo responsável por um movimento financeiro superior a 1 bilhão de dólares ao ano (Brasil 1997, Paiva 1997), no entanto, estudos anteriores sugerem que o Brasil pode produzir sustentavelmente de 1,4 a 1,7 milhões de toneladas ao ano.
As principais soluções a serem adotadas para a manutenção desse recurso são: criação de uma legislação completa e adequada; geração e difusão de tecnologias e técnicas de manejo; a criação de uma política clara e objetiva para o desenvolvimento do setor; e a busca por atividades alternativas, como a aquicultura sustentável.
Do mar para o ar: os principais problemas atmosféricos existentes hoje são a destruição da camada de ozônio e o efeito estufa. O primeiro problema tem origem no uso de SDOs (substâncias destruidoras da camada de ozônio), que aumentam a radiação ultravioleta incidente, podendo acarretar diversas enfermidades em humanos e debilidade em plantas e outros animais. Já o segundo problema citado está conectado a emissão de gases de efeito estufa, que impedem que a dispersão de energia e fazem com que ocorra o aumento da temperatura interna do planeta.
Os dois problemas estão intimamente ligados a ações antrópicas, por isso existem no Brasil a tentativa da aplicação do Protocolo de Montreal, por meio de iniciativasdo IBAMA no controle das SDOs; o Programa Brasileiro de Elminação da Produção e do Consumo das Substâncias que Destroem a Camada de Ozônio (PBCO); além de ações globais contra a emissão de qualquer subtsância que seja nociva a atmosfera, como a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, conferências em Berlim, Genebra, Quioto e Buenos Aires; além do Protocolo de Quioto (1997), que se baseia em implementação conjunta, mecanismos de desenvolvimento limpo e no comércio de emissões.
Boa parte das emissões de GEE está associado ao consumo e produção energética nacional. Os atuais sistemas produtivos, são baseados na queima de combustíveis fósseis, com graves consequências sócio-ambientais. As soluções para o problema energético seriam o aumento da eficiência produtiva de todas as formas de energia já existentes e a busca for fontes renováveis de energia, como a biomassa, a energia solar, a energia eólica, hidreletricidade, o hidrogênio, as ondas e a geotermia. Há ainda, a implementação de programas como o PROALCOOL como fonte de energia renovável. Apesar do sucesso obtido na diminuição de GEE, ainda existem problemas como o desemprego nas entressafras, a poluição do solo com o vinhoto e o baixo preço do barril de petróleo atualmente, fazendo com que o álcool não seja competitivo com a gasolina.
Fontes de energia não poluentes como solar e a eólica seriam altamente viáveis no Brasil, por conta de sua extensa área com boa incidência de radiação solar e ventos. No entanto, os custos elevados desse tipo de alternativa e o seu baixo rendimento, fazem com que eles não tenham participação considerável na matriz energética nacional.
Outro grave problema enfrentado pelo Brasil é o problema da poluição. A poluição atmosférica é causada por substâncias como o ozônio, o monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, dióxido de enxofre, oxigênio, material particulado e chumbo; provenientes das atividades industriais e pelo uso intensivo de veículos automotores, principalmente nas grandes cidades, como São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Curitiba e Recife.
A poluição hídrica é outro assunto de suma importância. A água poluída pode ser prejudicial a saúde, afeta a biota desfavoravelmente, afeta as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente e lança matérias ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. As causas desse tipo de poluição tem origem nos esgotos domésticos, na poluição indrustrial, poluição de origem agrícola, poluição acidental, eutrofização de lagos e represas, salinização de rios e açudes, poluição por mineração e falta de proteção a mananciais.
As consequências da poluição hídrica são muitas, como doenças, contaminação, custos elevados para tratamento da água, redução na oferta de pescados e o impedimento da recreação em rios, lagos e represas. A situação hídrica nacional está entre as piores dentre todos os recursos já citados, pois não existem acompanhamentos sistemáticos das condições de poluição e em face a restrições financeiras, os órgãos estaduais do meio ambiente tem atuação bastante limitada.
Uma das soluções para a poluição e para o uso responsável dos recursos naturais em âmbito nacional é implementação do Sistema Nacional de Licenciamento Ambiental, composto por leis e normas, que estabelecem limites e procedimentos para uso sustentável dos recursos e emissão de poluentes. Os principais problemas existentes para a execução adequada do licenciamento ambiental se referem à desestruturação dos órgãos ambientais em termos qualitativo e quantitativo de pessoal treinado, às limitações para o acompanhamento de atividades licenciadas, a reduzida participação social nesse processo, falta de um sistema de monitoramento e vigilância dos impactos ambientais e a necessidade de descentralização das atividades de fiscalização.
A utilização racional de todos os recursos brasileiros é essencial para a sua manutenção. A má utilização desses recursos, assim como o alto nível de emissão de poluentes trazem consequências desastrosas observadas em todo território nacional. Na cidade de São Paulo, por exemplo, os 6 milhões de automóveis existentes na cidade poluem e desperdiçam energia parados no trânsito. Pode ser observado ainda as altas emissões de metano provenientes do lixo paulistano, sendo responsável por 25% das emissões. Já no semi-árido brasileiro, existem grandes áres em proceso de desertificação, consequência da ação antrópica e do aquecimento global. Enquanto se observa um acréscimo anual de 0,5ºC na temperatura mundial, no semi-árido esse crescimento é de 2,0ºC (INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Os habitantes locais até chegam a dizer que “as pedras crescem no solo”, devido ao afloramento de pedras causado pelo erosão do solo.
O aumento das temperaturas médias no Brasil, ainda causam migração da produção agrícola para regiões mais afastadas do Equador. No Nordeste essa migração afeta cerca de 20 milhões de pessoas, fazendo com que as produções de milho, arroz, girassol e algodão diminuam consideravelmente.
Para que ocorra a manutenção e utilização sustentável de todos os recursos naturais, é necessário um esforço enorme das autoridades responsáveis, pois além da elaboração de políticas, normas e licensas; é extremamente necessário que ocorra a sua fiscalização, com a utilização de pessoal treinado, equipamentos tecnológicos e monitoramento das reservas e dos níveis de poluição. Existe também a necessidade de se trabalhar conjuntamente com instituições de pesquisas, no intuito de gerar novos projetos e novas tecnologias que diminuam os impactos ambientais.
Deve existir ainda a proliferação de projetos que já ocorrem em certas regiões para outras com as mesmas características, como as agrovilas que utilizam recursos agroecológicos, tendo ocorrência em algumas áreas do semi-árido brasileiro; o uso do metano proveniente do lixo paulistano que vira energia elétrica para 700 mil pessoas e o uso em massa de energias renováveis e sustentáveis.
Contudo, a ação mais importante é a conscientização social. A partir do momento que todas as células desse grande organismo chamado planeta Terra tiverem consciência de que são diretamente ou indiretamente responsáveis pelo uso não sustentável dos recursos, teremos um planeta menos agredido pelas ações antrópicas. De acordo com os parâmetros atuais, o objetivo das sociedades devem ser a busca pela produção sustentável, organização social e educação.

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Um mundo ecologista

O texto "Um mundo nada respirável: a crítica ecológica à civilização urbano-industrial" e "Um caminho diferente, belo e possível: elementos do projeto social ecologista" tratam do homem e do meio ambiente. O primeiro trata da civilização urbano-industrial e como ela está fadada ao insucesso devido aos seus próprios mecanismos. Já o segundo, mostra formas alternativas de civilização, baseada em desenvolvimento sustentável, equidade e desenvolvimento humano.
O autor descreve a civilização urbano-industrial, baseada em consumo e lucros, como uma sociedade que está entrando em colapso. A intensa produção necessária para que o sistema continue funcionando, consome nossos recursos naturais numa velocidade sem precedentes, polui ar, água e solo, gera imensas quantidades de resíduos e o pior de tudo: gera desigualdade social, concentração de riquezas e uma sociedade comandada por aqueles que possuem essas riquezas.
Por esses motivos, o autor é contra a civilização urbano-industrial. Em seu texto ele aponta as diversas falhas desse sistema, nos fornece dados para mostrar como ele altera a qualidade do ar, água e solo, intensifica a desigualdade social e consome recursos rapidamente. Além de todos esses apontamentos, ele sugere um novo tipo de sociedade, baseada nos pilares ecológicos.
O grande objetivo dessa sociedade é conhecido como "crescimento ilimitado". Para alcançar isso, as empresas e grandes corporações não medem esforços. Não respeitam a qualidade de vida das pessoas, nem igualdade de recursos ou de renda. Esse modelo teve origem junto com o capitalismo, nos séculos XVIII e XIX, e o grande objetivo é manter as taxas de lucro.
Os métodos utilizados para isso incluem "obsolescência planejada" - em que a produção ocorre para que as pessoas comprem e descartem os produtos rapidamente, fazendo com que adquiram novos em pouco tempo - , "obsolescência cultural" - em uma sociedade de consumo, quem não consome como os outros é praticamente forçado a consumir, tanto pela imensa quantidade de propaganda, quanto pela influência de outras pessoas, dizendo que estamos "fora de moda" ou fora do padrão - e por fim, a "produção opulenta" - que é basicamente a produção voltada para as elites, que além de aumentar a desigualdade social, consome recursos que deveriam ser utilizados para o verdadeiro avanço coletivo. Para termos uma idéia, no Brasil, 20% das pessoas detém 70% da renda.
O "círculo infernal" é outro protagonista da economia do lucro. Este consiste da própria contraprodutividade do sistema. Por exemplo: o uso de pesticidas na agricultura e a poluição gerada por indústrias fazem com que pessoas adoeçam, alimentando assim a indústria farmacêutica. Este exemplo também ilustra a questão da distribuição dos custos sociais de produção, que consiste na ação das empresas que "jogam" seus custos para a população, que "pagam" pela perda da qualidade do ar, da água, do solo, de vida e muitas vezes do local em que vivem a gerações.
Por isso é dito que o pensamento ecológico é bastante materialista: "está mais preocupado com a ação concreta das estruturas sociais no mundo real do que com a maneira ideológica pela qual elas se auto definem politicamente".
O consumo exacerbado em alguns países já levaram teóricos a pensar que quanto maior a população, maior era o consumo. Mas análise de dados mostram que não é bem assim. Um cidadão nova-iorquino consome cerca de 340 vezes mais água do que um habitante do deserto do Saara. Ou seja, temos consumo desigual em todo o planeta, não sendo o controle de natalidade a principal solução, e sim parte integrante de um programa mais amplo de modificações nas estruturas sociais nacionais.
Outro fator importante, que é praticamente indissociável do atual modo de produção, é a dilapidação dos recursos naturais, inclusive os recursos livres como o ar e a água doce. Vejamos abaixo os principais recursos e como o homem tem atuado perante eles:
*OXIGÊNIO: tem as fontes destruídas e o consumo intensificado;
*CO2: produção intensificada, podendo gerar aquecimento global;
*ÁGUA: contaminação e desperdício nas reservas;
*SOLOS FÉRTEIS: perda pela expansão das áreas urbanizadas, crescimento da erosão, da mineralização, da desertificação e poluição devido ao manejo agrícola inadequado e pelo uso de agrotóxicos;
*ANIMAIS E VEGETAIS: redução no número de indivíduos vivos, podendo gerar desequilíbrio ecológico e acabando com milhões de anos de evolução natural;
*MINERAIS E COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS: estão sendo utilizados num ritmo que farão deles raros em pouquíssimas centenas de anos. Não podemos continuar dessa maneira, já que esses recursos são patrimônio comum não só dessa, mas de todas as gerações da humanidade.
Observamos que todos os recursos utilizados pelo homem estão sendo desperdiçados, poluídos e mal utilizados, podendo gerar consequências desastrosas. Gandhi sabia disso e proferiu a seguinte frase: "Os fins são os meios". Quando perguntado, após a independência da Índia, se seguiria o modelo de desenvolvimento inglês, ele disse: "Não. Se fôssemos utilizar o mesmo modelo em um país como o nosso, consumiríamos todos os recursos da Terra".
Saindo do personagem político, podemos observar na nossa sociedade uma personagem mais atuante e presente no nosso cotidiano: a poluição. A poluição pode ser definida como a "presença de substâncias ou efeitos físicos estranhos e um determinado ambiente, em quantidade tal que afete o seu equilíbrio, degradando a estrutura de sua composição e de seu funcionamento.
A poluição tem as causas ligadas a dois fatores:
*MISÉRIA: a ausência de saneamento e condições de vida e de trabalho gera poluição por meio de dejetos orgânicos e sujeira;
*OPULÊNCIA: a produção opulenta é causada pelas modernas indústrias, que produzem lixo e dejetos químicos para alimentar o consumo/desperdício das elites. Vejamos abaixo os tipos de poluição e a causa de cada uma delas:
*POLUIÇÃO DO AR: 40% da poluição das grandes cidades é devida a combustão em motores de carros, aviões e outros transportes. Temos também a combustão realizada pelas indústrias e a queima de lixo sólido, gerando CO2, CO, SO2 e NO3;
*POLUIÇÃO DA ÁGUA: a maior parte deste tipo de poluição provém de dejetos domésticos, da produção industrial e dos produtos químicos utilizados na agricultura. Além disso é liberado anualmente nos mares mais de um milhão de toneladas de petróleo, seja em acidentes com navios petroleiros ou pela limpeza dos mesmos, gerando sérios prejuízos ao sistema ecológico marinho;
*POLUIÇÃO DO SOLO: esse tipo de poluição tem como causas principais a utilização desenfreada de praguicidas e a poluição advinda de atividade como a extração, preparação e fundição de minérios e a poluição pelas cidades;
*POLUIÇÃO RADIOATIVA: tem origem devido a explosões atômicas experimentais, contaminação radioativa do ambiente devido às usinas e minas de urânio e do lixo atômico, subproduto do funcionamento de usinas.
Todos esses tipos de poluição contribuem para a perda da qualidade de vida de todos os seres vivos, contaminando ambientes, intoxicando e gerando doenças e no caso da poluição radiativa pode causar câncer, leucemia e mutações genéticas. Além destas, temos também outros tipos de poluição, como a térmica, sonora e visual, que colaboram para a diminuição da qualidade de vida dos seres vivos.
Observando a inviabilidade do atual sistema, novas idéias e propostas surgiram a partir da década de 70, Em 1972, tivemos a primeira conferência da ONU sobre o ambiente humano, realizado em Estocolmo, na Suécia. Tivemos também a publicação de "limites do crescimento", que fornecia dados sobre as reservas minerais e o aumento da população, mostrando a inviabilidade da continuação do atual modelo econômico de crescimento industrial.
Porém, foi outra publicação de 1972 que ficou marcada como uma das mais importantes: "Blueprint for Survival" (Plano para a sobrevivência). Esta foi a primeira obra que apresentava um programa completo e coerente no sentido de transformar o sistema social de forma a adequá-lo à realidade ecológica.
Outras propostas surgiram nos anos seguintes:
*DESENVOLVIMENTO DE TECNOLOGIA AMBIENTAL: a idéia básica dessa proposta é a criação de aparelhos antipoluição e de químicos descontaminantes. A idéia parece boa, mas segue a mesma lógica do sistema dominante, pois a fabricação desses aparelhos e químicos descontaminantes consumiria recursos naturais e se utilizariam de processos industriais para serem produzidos;
*CRESCIMENTO ZERO: esta proposta não sugere uma mudança nas relações de produção, mas sim sua estabilização no atual nível produtivo. Sobre essa proposta, o autor afirma que não seria viável, pois há apenas um retardamento do colapso ambiental;
*ECONOMIA DO ESTADO ESTACIONÁRIO: a idéia é o fim do crescimento. A
Sociedade deveria se limitar a produzir o padrão de bem-estar alcançado. Segundo esta proposta, os países industrializados do primeiro mundo já teriam alcançado o nível produtivo necessário, bastando ajustar suas instituições e economia segundo critérios cológicos. Já os países de terceiro mundo continuariam a crescer, no sentido de ultrapassar o estado de miséria material.
*ECODESENVOLVIMENTO: o grande mérito desta teoria está em deslocar o problema do aspecto puramente quantitativo, crescer ou não, para o exame da qualidade do crescimento.
Além destas propostas, Antônio Lago e José Augusto Pádua nos apresentam o projeto ecologista. De acordo com este projeto, uma modificação no impacto destrutivo da atual sociedade sobre o meio ambiente só poderia ser conseguida de forma profunda e duradoura, a partir de um amplo processo de descentralização econômica, do poder e do espaço social.
A descentralização é um dos aspectos mais relevantes do projeto ecológico, pois grande estruturas sócio-econômica facilitam a concentração do poder, o controle hegemônico sobre os rumos da produção e da sociedade e conduzem à perda crescente de poder político de decisão para os cidadãos comuns.
No entanto, o crescimento de novos organismos da sociedade civil em diversos países tem sido um fenômeno cada vez mais comum. É o poder dos cidadãos organizados e conscientes, que querem influir diretamente nas questões que dizem respeito às suas vidas.
Incluem-se na proposta ecologista a democracia direta, autonomia, convivencialidade e controle social sobre a qualidade de vida e a integridade do ambiente. É essencial que as estruturas políticas, sócio-econômicas e culturais sejam descentralizadas e estabelecidas em escala humana (regiões mais autônomas e auto-suficientes). O ecologismo pensa numa nova política industrial, que incentivasse formas alternativas de tecnologia e organização do trabalho, criando indústrias que se integrem de forma não poluente e não agressiva ao meio ambiente. Outro ponto importante seria a produção baseada em cooperativismo e na autogestão.
Para que isso aconteça seriam necessárias algumas medidas:
*adoção de tecnologias alternativas, suaves e ecologicamente equilibradas. Além de técnicas de agricultura orgânica, de medicina natural e de ecoarquitetura;
*adoção de uma política de proteção ambiental, que assegurasse a viabilidade ecológica da nova sociedade descentralizada. Para isso teríamos que adotar medidas de proteção dos ecossistemas naturais, da vida silvestre, racionalização do uso das reservas minerais, controle rigoroso da poluição industrial, controle da poluição gerada por esgotos urbanos e veículos automotores, reciclagem do lixo, controle na qualidade dos produtos, incentivo ao reflorestamento e melhoria radical no ambiente das grandes cidades;
*observar a questão cultural é outro ponto muito importante. Deve haver garantia do espaço para as minorias étnicas, religiosas, políticas e sexuais, a democratização e desmonopolização dos meios de comunicação e valorização dos direitos da mulher;
*essência de uma sociedade ecologista: simplificação e a redução nos gastos materiais, intensificação da criatividade cultural, conhecimento, saúde e felicidade. Trabalhar menos e viver melhor. Viver plenamente, igualitariamente e não agressiva com relação a natureza. Rompimento com a ideologia quantitativista do crescimento ilimitado. Opção por uma sociedade onde os homens não seriam mais escravos da produção, mas sim produziriam para viver, viver muito, viver bem, viver em paz e harmonia com a natureza.
Estes são os principais pontos do texto de Antônio Lago e José Augusto Pádua. Os textos "Um mundo nada respirável: a crítica ecológica à civilização urbano-industrial" e "Um caminho diferente, belo e possível: elementos do projeto social ecologista" estão presentes no livro “ O que é ecologia”.
As idéias centrais do texto, de consumo exacerbado, poluição de todas as naturezas e consumo maciço de recursos também é tema de um vídeo produzido pela Fundação Tides Grupo de trabalho Funder para a produção sustentável e consumo, intitulado “The Story Of Stuff” (A história das coisas). Neste vídeo também são apresentados dados relevantes sobre o consumismo e a poluição gerada pela atual sociedade urbano-industrial. Temos também neste vídeo a importância da “seta dourada do consumo” e de como os atuais governantes se curvam perante às grandes corporações e seus interesses.
Uma das partes mais interessantes diz respeito ao ex-presidente americano Geroge W. Bush, que após os ataques de 11/09 disse em rede nacional: “ Go shop!”, ao invés de “rezem”, ou “tenham fé”, ou até mesmo “se unam”. Mostrando como o consumismo e os interesses das grandes corporações estão a frente dos interesses da população.
Apesar de ser um bom vídeo, ele funciona mais como material para conscientização. Já o texto de Antônio Lago e José Augusto Pádua, além de ótimo material de conscientização, funciona também como material de divulgação científica, contendo dados contundentes sobre a poluição e o consumo de recursos naturais, além de mostrar o projeto ecologista, suas bases e os meios pra que consigamos atingi-lo.
Os autores tratam dos temas por meio de uma linguagem simples e de fácil acesso, mas ainda utilizam, por exemplo, siglas como PNB (produto nacional bruto), ao invés do atual PIB (produto interno bruto). Apresentam ainda, alguns dados que fazem com que o texto fique mais interessante. No entanto, alguns destes dados são mais antigos, fazendo com quem o leitor tenha que buscar outras fontes para obter informações mais recentes. Dados que podem evidenciar traços de crescimento do consumo de recursos naturais e dos atuais níveis de poluição.
Portanto, é de suma importância a não manutenção da sociedade urbano-industrial. Temos o consumo como principal mecanismo de funcionamento dos atuais sistemas políticos, e isso não pode continuar. Devemos estar atentos ao consumo exacerbado de países como os Estados Unidos e Japão, além do nosso próprio país, é claro, e também atentar aos altos níveis de poluição que diminuem a qualidade de vida de todos os seres vivos.
Também temos que ficar atentos com a ação das grandes indústrias. Que geram enorme quantidade de poluentes, tentam controlar a população por métodos como a obsolescência planejada, cultural, e monopólio do mercado. Podemos reduzir estas ações, escolhendo produtos que são produzidos de forma não ofensiva ao meio ambiente e que não fortaleçam grandes corporações.
O interessante, é notar que a grande maioria das ações necessárias para que o ideal ecologista se concretize, podem partir de ações individuais. É ação individual com pensamento global, ou seja, nossas próprias atitudes podem mudar o futuro do nosso planeta.
Mãos a obra!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Trabalho de Divulgação Científica para crianças.


Errar não é humano

Imagine se a gente conseguisse saber quando vamos errar. Antes de pisar no pé de algum colega ou antes de deixar cair um copo no chão, nosso cérebro já saberia que isso ia acontecer. Você acha isso impossível?
Não é o que pensam alguns cientistas da Universidade da Califórnia, que conseguiram detectar sinais elétricos no cérebro um segundo antes dele cometer um erro. Os pesquisadores utilizaram uma máquina no cérebro de 14 pessoas e fizeram testes com números. Apareciam números de 1 a 9 na tela a cada dois segundos. As pessoas tinham que apertarum botão sempre que um número aparecia, menos o 5.
Quando as pessoas erravam, a máquina registrava maior atividade em uma parte do cérebro chamada de occipital. De acordo com os cientistas, quando essa parte está mais ativa, temos uma maior chance de errar.
Essa descoberta pode ser considerada boa para os seres humanos, pois podemos estudar e monitorar cérebros de pilotos de avião por exemplo, emitindo um alerta caso a região occipital esteja muito ativa, podendo evitar acidentes aéreos.
Você consegue imaginar um mundo sem erros?

quarta-feira, 22 de abril de 2009

Tudo tem um começo.

Já tive blog algumas vezes, mas nunca tive uma idéia clara do que postar. Já falei sobre diversas coisas, temas dos mais variados como seriados de Tv, futebol, viagens, etc.
Dou início hoje a uma nova era. A era ambiental. Colocarei aqui alguns trabalhos acadêmicos e algumas opiniões sobre temas atuais e relevantes; a fim de gerar discussões e opiniões sobre todas as áreas do conhecimento humano.
Novas postagens em breve.